7 de Abril, diário de bordo #4: Namsan, a colina dragão e a catedral

Bem no centro de Seoul, a sombra da torre de Namsan invade o bairro de Yongsan gu, a “Colina do dragao”. Na cabeça, o objectivo, subir forçando as pernas até alcançar o maravilhoso engenho humano que contraria a gravidade, o teleférico. A meio do percurso, no entanto, a bateria humana recarrega-se. O delicioso Donkkaseu, fina fatia de carne de porco panada, um consolo para a curiosa alma a fazer lembrar o lusitano panado regado de limão. 

Já lá bem no alto, o olhar inquieta-se pela imensidão. Podemos avistar toda a cidade, naturalmente muralhada pelas verdes e cinzentas montanhas, e ao esperarmos a noite, o cinza transfigura-se em saturados e vibrantes neons. No solo, dez milhões de singulares almas perseguem sonhos e fogem das desventuras de uma muitas vezes desafiante rotina. 

O dia termina com o curioso avistamento de um dos mais importantes bastiões do cristianimso na Coreia do Sul, atualmente a mais importante religião do país, a catedral Gótica de Myeong-dong, erguida já no final do século XIX, um objecto arquitectónico familiarmente estranho nesta tão longínqua terra. Ignorância minha, futuramente cessante, assim o espero, alvo de combate para que com curiosidade a derrubemos, aqui, e noutro desconhecido lugar.