A fortuna que precedeu o desconhecimento levou a que me encontrasse perante uma paisagem transformada pelo grito de chegada da Primavera. Entre os últimos dias de Março e os iniciais de Abril, os tons brancos e rosa das cerejeiras em flor (belt-kott) adornam suavemente a paisagem Coreana.
Este tipo de sorte é de caráter duplo pois para além de evitarmos o desgosto que advém da antecipação daquilo que se procura e não se encontra, ao mesmo tempo celebramos a vitória que almeja aqueles que nada ou pouco planeiam, como eu. A benção da fortuna sem sabedoria.
Os maiores ganhos que tenho obtido na viagem são precisamente esses. Rotineiramente, caminhar sem destino em Seul é um triunfo. Cada loja subterrânea é um brinde. Figuras articuladas de personagens de mil e uma infâncias, roupas americanas, posters dos Beatles, livros de capa dourada, títulos indecifráveis, a subsistência da feliz mundanidade.
O calor da manhã é quebrado por um fresco Bingsoo, flocos de leite em jeito de neve regados por uma pasta de doce feijão vermelho. tradicionalmente, na Coreia do sul a doçura em excesso, artificial, é anestésica. O natural é o predileto. Brandos costumes culinários, em jeito de lembrança a nós, portugueses, que frequentemente os apregoamos como somente nossos.


Sem comentários:
Enviar um comentário